Justiça condena responsável por destruir carro usado na morte de Marielle

Edilson Barbosa dos Santos foi preso em fevereiro após investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro confirmar informações dadas na delação do ex-PM Élcio de Queiroz

A Justiça do Rio de Janeiro condenou a cinco anos de prisão Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, acusado de ser o responsável pela destruição do veículo utilizado na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes.

 

Orelha foi preso em fevereiro após investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro confirmar informações dadas na delação do ex-PM Élcio de Queiroz, responsável por conduzir o carro de onde o ex-PM Ronnie Lessa confessou ter disparado contra as vítimas.


O advogado Felipe Souza, que defende Orelha, afirmou que vai recorrer da decisão.


"A sentença foi baseada apenas na delação do Élcio. E a delação tem que vir de outros elementos de prova. A pena também foi exagerada porque ele é réu primário", disse o advogado.


Na sentença, o juiz Renan Ongaratto, da 37ª Vara Criminal, afirma que a destruição do carro dificultou a investigação do caso, "prejudicando a confiança dos cidadãos nas instituições responsáveis pela observância da lei e manutenção da ordem pública".


"A destruição do carro embaraçou as investigações daqueles homicídios, impossibilitando a realização de perícia criminal no veículo e, assim, contribuindo para que os executores dos crimes somente se tornassem suspeitos de seu cometimento quase um ano após a ocorrência das infrações e, por conseguinte, contribuindo para que os suspeitos de serem os mandantes só se tornassem conhecidos neste ano de 2024, seis anos após as mortes", afirmou o magistrado.


Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada contra o Crime Organizado), Orelha impediu e atrapalhou as investigações do caso ao destruir o carro em um desmanche no morro da Pedreira, na zona norte do Rio.

Ainda de acordo com os promotores, o suspeito é conhecido de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ambos presos desde 2019, acusados de matar a vereadora e seu motorista.


Em sua delação, Queiroz afirmou que Orelha foi acionado pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, para se livrar do veículo usado no atentado. Suel também está preso por envolvimento no crime, desde julho do ano passado.


Investigação da Polícia Federal apontou que a morte de Marielle foi encomendada pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, presos desde março deste ano. Segundo denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), os dois nutriam divergências políticas com o PSOL, acirradas pela atuação da vereadora na Câmara Municipal contrária aos interesses da família. Os dois negam ter participado do crime.


Também é acusado de participar do planejamento do crime o delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro à época do crime. A PGR afirma que ele deu orientações sobre como o homicídio deveria ser executado a fim de dificultar sua elucidação. Ele nega a acusação.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem