Ed Gama de Velha Surda, demissão de Lívia Andrade por R$ 50... Detalhes da gravação de Carlos Alberto de Nóbrega no 'Domingão com Huck'

"Aposentadoria é coisa pra velho”, brinca Carlos Alberto de Nóbrega, aos 89 anos, no camarim dos Estúdios Globo. Não, o apresentador não trocou de emissora após 38 anos à frente do “A praça é nossa”, no SBT. Na última quarta-feira, ele esteve no Rio para gravar o quadro “Linha do tempo”, do “Domingão com Huck”, e o DR acompanhou tudo do programa que vai ao ar neste domingo (25).

— Esta semana, gravo o “A praça é nossa” de número 1827. Acho que é um recorde da televisão brasileira... Às quintas-feiras, não existe tristeza pra mim. Eu chego à portaria do SBT, o Tião abre a cancela pra mim, e os meus problemas ficam pra atrás. Ali eu sou o artista, sou o Carlos Alberto da televisão. Não interessa se o cachorro está doente, se minha mulher está zangada comigo, o que é coisa rara... — conta o veterano, sob o olhar carinhoso da médica Renata Domingues, de 49 anos, com quem está casado há sete.

Carlos Alberto acredita que “A praça é nossa” seja “o programa mais simples da televisão brasileira”.

— É um banco e um velho aposentado sentado nele, conversando com quem passa. Não existe pretensão de fazer o chamado “humor inteligente”. Queremos fazer todas as classes rirem. Fico feliz quando vou ao médico e, antes de me perguntar como estou, ele fala do programa. E, quando passo por uma obra, e o pedreiro faz festa ao me reconhecer — detalha o niteroiense, completando: — Meu pai (Manoel da Nóbrega, criador da ideia) botou o ovo de Colombo. A “Praça” pode continuar com outras pessoas depois dele e de mim. Está aí o meu filho Marcelo, aguardando a vez. Mas vai demorar, se Deus quiser! Enquanto eu puder fazer o humorístico de maneira digna, não paro.

Marcelo da Nóbrega, aliás, fez parte de um dos momentos mais emocionantes da homenagem ao pai no “Domingão”, ao lado dos irmãos, Carlos Alberto Filho, Vinícius, Maurício e os gêmeos João Victor e Maria Fernanda.

“Muito obrigado por me carregar no colo por 44 anos”, disse o ator e diretor.

“Carlos Alberto de Nóbrega é sinônimo de família”, enfatizou a mulher do apresentador, Renata, também no palco.

Outro ponto alto da “Linha do tempo” foi quando Luciano Huck conduziu seu convidado até um cenário que reproduzia com fidelidade a sala na Rádio Nacional em que Carlos Alberto começou a trabalhar como redator, ao lado do pai. E leu a carta escrita por Manoel da Nóbrega, dando boas-vindas ao herdeiro de vida e arte.

— Estou gestando esta celebração a Carlos Alberto há cinco anos. Tenho enorme respeito por ele. Gosto de fazer homenagens aos nossos grandes talentos enquanto estão aqui, para que possam nos ver aplaudi-los de pé — afirmou Huck.

Velhos tempos

A “Linha do tempo” traz narrações e depoimentos de Raul Gil, que foi descoberto por Manoel da Nóbrega; Cidinha Campos, intérprete da Verinha do “Família Trapo”, humorístico da TV Record escrito por Carlos Alberto e Jô Soares; e Renato Aragão, com quem o homenageado trabalhou na Globo, como redator e ator de “Os Trapalhões”, nas décadas de 1970 e 1980.

A Velha Surda revive

Ed Gama, do elenco do “Domingão”, surgiu no palco caracterizado como a inesquecível Velha Surda, fazendo graça com Carlos Alberto e Huck: “Cresci assistindo à ‘Praça’, assisto até hoje. Poder brincar com ele, sentar nesse banco, numa homenagem mais do que merecida, foi um dos melhores momentos da minha vida”, disse Ed ao dr, com os olhos marejados.

Demitida por 'ousadia'

Lívia Andrade, também integrante do “Domingão” atualmente, apareceu no telão contracenando com Zé Bonitinho (Jorge Loredo): “Foi Carlos Alberto quem me ensinou a importância de ser ‘escada’ para outros humoristas. Fiquei na ‘Praça’ por seis anos. Ele me demitiu quando pedi aumento de R$ 50 no cachê, mas voltou atrás”, entregou ela, aos risos.