Queimados sai da lista das 20 cidades mais violentas

Uma marca que vai entrar para a história. Queimados não é mais um dos 20 municípios mais violentos do Brasil. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta semana, revelou que a cidade da Baixada Fluminense ficou de fora do ranking. Em 2016, ocupava o vergonhoso primeiro lugar dessa lista. Para o futuro, a mesma quer mais: estar entre as mais seguras do estado.

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que, nos quatro primeiros meses de 2025, Queimados reduziu os índices de Crimes Violentos Letais Intencionais em 68% (comparado ao mesmo período de 2024). Os casos de Homicídio doloso caíram 65%. Ainda de acordo com o levantamento, houve quedas significativas nos registros de roubos em geral (-32,85), estupro (-32,8%) e furtos a transeuntes (-61%).

A prefeitura de Queimados tem tomado diversas medidas para reforçar a segurança. Entre elas a renovação da frota da Polícia Militar com novas viaturas semiblindadas (fruto de uma parceria entre o governo estadual) e a instalação de um sistema de videomonitoramento com reconhecimento facial e leitura de placas. A primeira fase do projeto prevê a instalação de mais de 300 câmeras, interligadas a uma central para monitoramento em tempo real e resposta rápida a chamados.

Para o secretário de Segurança, Felipe Laureano, sair do ranking é uma prova de que é possível transformar uma cidade com trabalho sério, planejamento e vontade política.

— Quando assumimos a gestão, sabíamos que seria um desafio imenso, mas não aceitávamos que Queimados continuasse sendo lembrada pela violência.

Com ações integradas de patrulhamento, operações conjuntas e um trabalho permanente de inteligência, a cidade começou a dar passos firmes rumo à segurança.

De acordo com o prefeito Glauco Kaizer, “não foi nada fácil”.

— Mudamos estratégias, investimos em prevenção e não medimos esforços para proteger nossa população.

Em 2016, Queimados liderava o indesejado ranking nacional, com uma taxa alarmante de 134,9 homicídios por 100 mil habitantes, a maior do Brasil naquele ano. A cidade convivia diariamente com a violência extrema, consequência de disputas entre facções criminosas, territórios dominados por tráfico e milícias, e uma série de problemas estruturais. Já nos números de 2019, Queimados ainda figurava entre as cinco cidades mais violentas do território nacional (taxa de 115,6 mortes violentas para cada cem mil habitantes). Em 2022, a cidade caiu para a 17ª posição no ranking da violência, com uma taxa de aproximadamente 58,4 homicídios por 100 mil habitantes (uma redução de mais de 56% em relação a 2016). Em 2023, a queda foi ainda mais significativa: o número de homicídios dolosos caiu para 52.

Fora da lista das 20 cidades mais violentas do Brasil, Queimados agora mira um novo ranking: estar entre as mais seguras do estado do Rio de Janeiro nos próximos anos. Para isso, a cidade se prepara para o amanhã, sempre de braços dados com a tecnologia. Além de tudo citado acima, a cidade também fará a aquisição de dois drones de monitoramento que ampliarão a vigilância em tempo real e fortalecerá ainda mais o combate à criminalidade.

Propor políticas e medidas para alavancar a segurança também (e principalmente) passar por uma atenção especial às mulheres, A Prefeitura de Queimados vem intensificando o atendimento às vítimas de violência doméstica. Inaugurado em maio, o espaço, batizado de CAMQ (Centro de Atendimento à Mulher de Queimados), funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com o objetivo de oferecer acolhimento humanizado e garantir mais segurança emocional no momento da denúncia.

— A ideia é disponibilizar um local onde a mulher se sinta mais segura para fazer a denúncia. Na maioria das vezes, o primeiro atendimento é feito por um policial homem, o que pode inibir a vítima. Com uma assistente social especializada, conseguimos acolher e tranquilizar essa mulher antes do boletim de ocorrência — explica a secretária de Direitos Humanos, Cristiane Lamarão.

Em 2024, houve um aumento de 25,6% no número de mulheres vítimas de constrangimento ilegal em Queimados, com 451 casos registrados, segundo dados do ISP. A violência doméstica não se restringe a agressões físicas e sexuais, podendo incluir ameaças, humilhações, controle financeiro e destruição de bens pessoais.